terça-feira, 10 de setembro de 2013

PERDÃO, MENINO

Eu poderia postar uma flor
E em pétalas e cores
Celebrar a poesia, anunciar
Que a beleza existe
E nos habita parcial, mutilada.

Poderia postar a foto do meu filho,
Continuidade dos meus quereres,
Dos meus precisos, de mim mesmo
Tateando a realidade, menino
Inocente do que me esperava.

Postar um pássaro, talvez, plumas
Em reflexão do sol, anunciando
O que se permite às retinas em luz
Raptada do instante para se eternizar
Em nós, olhos atentos ao que lucila vida.

Postar uma paisagem? Um versículo
Extraído do texto, reinterpretado,
Dito pelas minhas próprias conveniências?

Mas não, menino. Uso o meu espaço
Para te anunciar morto, imune
Às flores e paisagens, aos pássaros,
Reduzido a uma foto que clama, grita
Às consciências, como um versículo
Anunciando trânsito interrompido
No fluxo da felicidade.

Perdão por nossas consciências bélicas
E nossas bombas cristãs.

Francisco Costa

Rio, 06/09/2013.

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