sábado, 28 de setembro de 2013

REBELDIA

Procura porque há em você
Uma porção rebelde que insiste.

Porque deixá-la prisioneira,
Com sede de dar-se a conhecer,
Implorando que se manifeste
E se pronuncie não amordaçada?

Sem perceber que não é completo,
Você se permite uma parte afogada,
O que lhe faz parcial, com limites,
Sem exercer o usofruto do mundo.

São leis, princípios, dogmas, axiomas,
Verdades imutáveis, acomodamento
Apoiado em convicções sem respaldo,
Como andorinhas bêbadas nas praias.

Porque esperar que tudo mude
Para só então seguir a reboque?
Porque esperar que a negritude tinja
Todas as ovelhas do seu rebanho
Para só então se perceber a única branca?

Você não sabe, mas no mais íntimo,
Lá onde você não ousa ir,
Por medo ou acomodamento,
Mora a insatisfação e a rebeldia.

É aí, justamente aí, que mora a poesia.

Francisco Costa

Rio, 23/09/2013.

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