terça-feira, 10 de setembro de 2013

SÓ UMA PEGADINHA


O dia amanheceu triste, sonambúlico.
Apesar do sol, andamos de cabeças baixas,
Com medo, cada brasileiro é um suspeito.

Há guardas armados nos portões e soldados
Postados em cada consciência, tolhendo
A espontaneidade e a inspiração.

Amanhã os estudantes cantarão o hino
Como se entoando uma canção de medo,
E todos são réus pelo que pensaram,
Intentaram ou fizeram. Há medo.

Os sorrisos estão escondidos, mascarados
Em felicidade postada em ato institucional.
O embaixador de maligna potência assumiu,
Postando um ditador de plantão.

Está instaurada a república da mordaça,
A democracia das algemas, o poder da tortura.

O golpe pedido chegou, a direita voltou.

Há arame farpado nas fronteiras, e porteiras
Dosam e limitam a luz do sol e a esperança.

E acordo e percebo que os se travestiram
De leões rosnando sobre nós
Revelaram-se apenas ratos.

A vida segue, os sorrisos estão livres,
Os poemas continuam possíveis,
E a moça na janela continua mais que assediada,
Possuída em todo o seu esplendor
De se entregar a todos sem perder a pureza.

O nome da moça é liberdade.

Francisco Costa

Rio, 08/09/2013.

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