Eu poderia
dizer eu os amo
Com a
sofreguidão
Do náufrago
a cata de chão,
Com o desespero
da criança
Perdida dos
pais, na multidão,
Com o esgar
do moribundo
Sorvendo o
último oxigênio.
Mas não, ao
invés, digo os amo
Com a
parcimônia do interdito,
Como
deferência ao imutável,
Ao que não
se pode mais contido
Porque
segredo alardeado,
Inconfidência
tornada pública,
Despudoradamente
sorridente.
Cada minuto
de ausência, gemido
Em surdina,
lágrima escondida,
Pedaço
apartado, doendo longe,
Pequenez do
que não se basta só,
Existe
porque continuidade de todos.
Reintegrado,
inteiro de novo,
Eis-me todo
em poesia outra vez
Porque a
poesia é isso, ponte,
Caminho
entre a dor e o consolo,
A fonte e a
sede, entre pessoas
Em comunhão
com o indizível,
Com o que não
pode ser dito
Senão em
silêncio, lendo.
Eis-me de
volta, peito aberto,
Todo nervos
expostos,
Em oferenda
aos amigos,
Inquilinos
desse meu coração
Aberto a
tudo e a todos,
Vagabundo
sem eira nem beira,
Dependente
da esmola atenção.
Eis-me de
novo no mundo,
Com a face
no face,
Em partilha
e comunhão
Com outros
corações vagabundos.
Voltei.
Francisco
Costa
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