Amanhece. Diante
do mar o homem chora.
Há um menino
moreno correndo, a pipa
Em aéreo
balé de estranho pássaro, arisco
Separando o
azul e o menino de peito nu.
Adiante,
quase adolescente, outro menino
Divide
olhares sobre o livro e o infinito,
Encontro de
céu e água, realidade e sonhos.
De um lado
uma família, a criançada dispersa
Na areia,
entre gritos e correrias, sorrisos
Diante da
mãe preocupada, o pai, realizado.
Do outro
lado um senhor e sua velhinha,
Passeando
calmos, calados, de mãos dadas.
Então o
homem abre os olhos e faz escuro,
Não há
amanhecer nem praia, nada azul.
E entende
que o menino e o adolescente,
O pai e o
velhinho de mãos dadas na praia
É ele em
contemplação de si mesmo.
E sozinho
chora o mar que secou,
O infinito
que se reduziu,
Ele mesmo,
quase nada.
Francisco Costa
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