No meu
jardim uma borboleta sangra.
E porque
sangram as borboletas?
Borboletas
sangram flores despetaladas.
As que perderam
pétalas na fome humana
E as
espalhou entre gritos e impropérios,
Perdendo-as
nas manifestações da dor.
Sangra as
que murcharam sob o sol,
Desidratadas
na incompreensão, no tédio,
Na ausência
de serem simples como flores.
Sangra as
podadas, decepadas das cores,
Em
mendicância sem esperar futuro,
Sem ter tido
passado, vagando alheias
Como vegetais
plantados na vida.
Sangra as
devoradas pelo mercantilismo
Que segrega
vidas, aparta realidades,
Mede em
moedas os sorrisos e as lágrimas.
Sangra por
que só as borboletas entendem
O absurdo da
condição humana,
Crisálida
acreditando-se forma acabada,
Retardando o
momento de ter asas
Para impedir
as borboletas de sangrar.
Francisco
Costa.
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