sábado, 20 de julho de 2013

POEMA DE INVERNO

Será que nasci só pra isso,
Tornar-me salvaguarda do posto,
Barricada em defesa do ontem,
Provedor do que não se quer novo?

Basto-me correndo mercados,
Com o corpo exposto em balcões,
A alma alienada a crenças doentias
Mastigando o meu livre arbítrio?

Pode a insignificância e o pouco
Ser ainda menor do que é,
E o homem, esse acidente cósmico
De tão curta e efêmera duração,
Ser eixo e razão de qualquer coisa?

Abortaremos o futuro, os amanhãs,
A machados, bombas e queimadas,
Ou darwinianamente nos adaptaremos
Ao fogo e à fome, às insacidades?

Se se podem postadas as mãos,
Em preces e agradecimentos,
Abraços de boas vindas,
Porque postas em conchas,
Pedindo, implorando, esperando
Realizações de sonhos e comida?

Que estranha racionalidade é essa
Que não aprende, cataloga informações
Em arquivos formatados para esquecer
Ou pelo menos não por em prática?

Que estranhas religiões são essas,
Apartando, individualizando,
E contraditoriamente apontando
Pai único, destino comum?

Definitivamente e mais que provado:
O homem é um inseto que não deu certo.

Francisco Costa

Rio, 03/07/2013.

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