sábado, 20 de julho de 2013

EM TÉDIO

Agora só a tristeza,
Esse olhar embaciado,
Em permanente sombra.

Minha munição acabou,
O combate, não.

Esgotada a minha reserva de sorrisos,
De paciência, esperança... Só me resta
A expectativa de mais poucas páginas
Nesse meu livro da existência.

Pouco se me dá se lá fora, no jardim,
O dia espoca em floradas ou chove,
Se amanhã será dia útil ou feriado
Porque todos tão iguais, de silêncio
E ausência de esperas, vazios,
De ponteiros lentos, quase parados.

Em mim neva. Trancado para o mundo,
Observo todo o já observado, analisado,
Com a sensação de diante do inusitado.

Tornei-me estranho, acaso em trânsito,
O próprio tédio em consumação,
Penitência permanente, morte lenta.

Parece que plantaram em mim
A dor de todos,
Mas só me deram um  coração.

Francisco Costa.

Rio, 09/07/2013.

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