sábado, 20 de julho de 2013

OS MENINOS E OS LOUCOS

Alucinadamente louco,
Puro arbítrio à sensatez,
Sem deferências e importância
Presto culto ao que não se pode,
Irreal suposição na tarde.

Os meninos não sabem do sexo,
Por isso seus solares sorrisos,
Suas corridas permanentes
Entre o berço e a eternidade.

Eles não conheceram ainda
A possibilidade do alheamento,
O experimento da alienação
Em outro corpo, apartando-se
De vontades, ideias, convicções,
Reduzidos a simples latejares
Em trânsito para o prazer.

Por isso neles a inocência
Dos que não se sabem só parte,
Pedaços buscando complementos.

Já os loucos vivem de sonho único,
Inquilino de todo os órgãos
Em permanente síndrome,
Amargando abstenções,
Saudades, irreconhecimento
De si próprio encarcerado
Na memória.

Francisco Costa

Rio, 20/07/2013.

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