sábado, 20 de julho de 2013

FORA DO FACE

Mero vulto, simples espectro,
Sem palavras vago alheio e só
Nos umbrais da insuficiência.

Há em mim a necessidade urgente
De me por em comunhão, ponte
Entre a pretensão e o gesto.

Não me basto calado, menos
No encolhimento indiferente
Do silêncio e da solidão.

Há em mim um imperativo de atos
Aguardando que me consuma poeta
Teclando minhas chagas abertas,
Sangrando o que se anuncia saudade.

Longe de amigos e leitores
Só a vontade inconclusa
De me por ao alcance,
E ao alcance me fazer presente.

Longe e calada, anônima,
A poesia não se justifica.

É flor que desabrocha no deserto,
Exuberância para os olhos de ninguém.

Francisco Costa

Rio, 15/07/2013.

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