terça-feira, 30 de julho de 2013

A TONTA

Indeferida ao projeto do prazer
Ela se mantém alheia e só,
Bastando-se no que pensa,
No quase nada que sabe,
Certa de ter o mundo nas mãos.

Reduzida a só corpo e apreensões,
Ambiciona o inacessível, impossível,
Porque busca fora o que a habita,
Inconsciente do que pode e seria.

Nela tudo é pequeno. As vitórias,
Porque automáticas e materiais;
As derrotas, porque passageiras
E logo esquecidas, para repetir-se
Em monotonia do imune ao novo.

Talvez por isso o descolorido do olhar,
A repetição constante das reclamações,
A ingratidão de não reconhecer,
A busca incessante de culpados
Para justificar a safra que ela planta
Em equívoco que se repete ao infinito.

Quando a maturidade chegar, um dia,
Entre netos e rugas, lágrimas, lastimará
O remoto habitando o presente,
E como sempre, encontrará culpados.

Francisco Costa

Rio, 22/07/2013

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