Não me basto
mais em poemas
Nem me
identifico mais nas telas.
Cansado de
mim mesmo, viajo longe,
Onde não me
sei encarcerado aqui,
Em âncoras
fixadas no cotidiano.
Já não me
satisfazem as aparências,
O que se
mostra despido da essência,
Pura
ostentação da parcialidade
Reduzindo
tudo a presa dos sentidos.
Quero o que
se esconde, camufla-se
Em formas
absolutamente concretas
E cores
presumíveis, de aparência só.
Busco-me
longe, onde não há sombras,
No
interstício das horas postas na mesa,
Cansado das
mesmas refeições.
Há em mim a
transcendência dos loucos,
A sabedoria
do que não sabe, desconfia,
A ansiedade
da ostra em suposição
De
existência fora das conchas,
Sem
intermédio a limitar.
Busco-me
como quem busca em si
Uma parte
amputada que dói longe,
Sem lenitivo
ou cura, ardendo
Na
imaterialidade do que não está.
Ao que
chamam ato criativo
Não sei se
chamo terapia
Ou
alucinação de quem foge de si.
Francisco
Costa
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