sábado, 20 de julho de 2013

AMBIÇÃO

Hoje quero escrever o poema mais lindo
De tantos que já escrevi.
Que tenha em si insonhadas cores de galáxias,
Cantos de pássaros, sorrisos infantis
De refeições, brinquedos no chão da sala,
Ansiedade de menina moça sonhando sexo,
Cristalinas lucilações da água nas cascatas
Inundando retinas tontas, surpresas, atentas.

Devo temperá-lo com um violino em diálogo
Com guitarras em blues, próximo ao mar,
Em arremate de som das ondas no litoral,
Sinuosidades e curvas insinuando prazeres
Que dormitam no corpo da mulher amada.

Uma pitada de sol, claro, e brisa, muita brisa
Sustentado uma pluma amarela sem destino,
Fugida de algum ninho para se fazer movimento,
E um tortuoso caminho de pedriscos e seixos,
Ladeado de margaridas e borboletas baldias
Esperando o meu poema, longa escadaria
Entre o projeto e a obra, de degraus interditos
Porque nunca passo do primeiro,
Frustrado passageiro de avião
Sonhando-se pássaro, inseto,
Qualquer coisa que voe.

Francisco Costa

Rio, 09/07/2013.

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