Ciosos do
compromisso
de manterem
o meu corpo vivo,
alimentaram-me
com todos os
fármacos disponíveis,
esquecendo-se
apenas da nicotina.
Na
insuportabilidade do dependente
em crise de
abstenção, como amante
imaginando a
amada em cama alheia,
saí a sua
procura, em um cigarrinho
deitado na
bancada do camelô.
Esperei
momento de distração e ócio
nos meus
guarda costas e seguranças
disfarçados
em aventais brancos,
e descolei
os terminais elétricos
presos ao
meu peito, como tentáculos,
por um misto
de vaselina e durepox.
Disfarçadamente
fui ao jardim do hospital,
aproximei-me
da grade e... Um cigarro,
a droga
miraculosa fora do meu receituário.
Refeito,
reabastecido, pronto para a vida
novamente,
retornei ao leito vazio,
a tempo de
ouvir o meu filho justificando
a minha
atitude ao chefe da equipe médica:
- papai é
artista, excêntrico, rebelde...
- teu pai é
maluco, irresponsável...
O médico em
furor mal contido.
E aprendi
coisa nova:
meu filho e
o médico
usaram
sinônimos
em línguas
diferentes.
Francisco
Costa
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