segunda-feira, 20 de maio de 2013

À MANEIRA DE KIPLING (IF)



               “Elle dirá, lisant ces vers tout remplis d’ elle:
                Quelle est donc cette femme? Et ne comprendra pas”.
                                                     (Felix Arvers) 

Se podes calma estar entre homens que te desejam,
     A cabeça perdendo, e cada vez mais te acossando;
Se podes te crer honesta quando os outros apedrejam,
     E, resoluta, não permitir que prossigam apedrejando;
Se sonhas e és por sonhos dominada;
     Se pensas, e vês, só nisso, o alvo da mente;
Se a paixão e o desejo te deixaram abalada
     E te entregaste a estes dois verdugos igualmente;

Se não guardaste o corpo e o podes ver devastado
     Em ardil de impostor; se ausente, em pedaços
A virgindade que carregavas com tanto cuidado
     E, ainda assim, honrada, proteges teu regaço;
Se te sentes sem ajuda, nenhuma ajuda,
     Abandonada, e te dispões, por um momento
A recomeçar de novo, e ficar muda
     Sem uma queixa, uma palavra de lamento;

Se, apesar de tudo, a virtude é contigo
     E pouco te dás ao pedaço que te falta;
Se não vês na realidade um cruel castigo;
     Se o medo do futuro não te assalta;
Se, de cada minuto, enches cada segundo e
     Com passos para a frente a coragem abriga;
Então direi que dominas o mundo
     E direi muito mais: que és mulher, minha amiga!

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