A
traição. Sim, a traição
Mas
não a do funcionário
Que
depositário da honra
Subtrai
sorrateiro e miúdo.
Pior.
Não a traição do amigo que,
Diante
de situação urgente se furta
A
sofrer junto e junto partilhar
Dificuldades
e carências, sofrimentos.
Traição
pior, muito pior que a do corpo
amado
em repasto distante, ausente
nos
sussurros do pudor em delito,
nos
gemidos da honra fazendo-se nada
e
das juras e promessas violentadas.
Traição
solerte e baixa, assim como
A
do filho que não afaga e respeita
A
mão que o alimenta e protege,
Agasalha
nas tempestades emocionais.
A
traição das mãos solidárias
sobre
a cabeça confusa fugindo
do
vazio numa explosão de dor
e
que agora gesticulam urgentes adeuses.
E
da voz aparentemente materna
Outrora,
capaz de fechar chagas
E
conter hemorragias, de acalentar,
E
que agora, mergulhada na falsidade
Se
esquece que um dia, cúmplice,
Em
aparente sinceridade
Ousou
balbuciar: “meu filho”.
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