segunda-feira, 20 de maio de 2013

DIFERENTE


Homens há que apaixonados
agem como generais: práticos,
fazem das conquistas, batalhas
eivadas de táticas e estratégias
de tal maneira bem calculadas
que no fundo não amam, jogam.

Outros há que por pouco a dar,
travestem-se de sábios e magos
oferecendo estrelas e segredos.

São os estelionatários do amor,
os que impossibilitados de ser
fingem ser, jamais sendo.

Outros ainda há, os cientificistas,
capazes de se explicarem inteiros
num complexo de hormônios e cios.

Há os capitalistas, sagazes,
crentes do acesso a tudo
pela via do cheque assinado,
os que amam com parcimônia e,
perdulários, cobram carícias
como duplicatas vencidas.
 
         (Muitos outros há por aí:
         os céticos, farejando traição
         em cada dobra do lençol;
         os religiosos, divinizando
         o que é só carne e ânsia;
         os parvos, aturdidos
         entre a cama e o sorriso promissor;
         os fiéis, sombras doentias
         persistindo mesmo quando
         a luz já é simples lembrança;
         os inocentes, edipianamente
         aguardando adoções e afagos;
         os loucos, de mãos loucas
         entre buquês e gatilhos;
         os místicos, de auras claras
         e corações inúteis
         porque alheios;
         os acéticos, os humildes...).
                 
Eu não..
Síntese porque negação,
apaixonado, dialeticamente
congemino poesia e solidão.

Desligado e dividido,
saio distribuindo versos.

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