“Muitas vezes tenho que ser duro
Para que as pessoas pensem
Que estou seguro.”
(José Augusto)
Eu,
artífice de encontros,
Radicalmente
favorável
A
permanentes safras de encontros,
Surpreendi-me
de mãos vazias
E
corpo desocupado, sem dono.
Operário
do cotidiano,
Não
trabalho os sonhos
Nem
elaboro projetos
Porque
apenas ideais, irreais.
Não
a quero ausente, só lembrança
Porque,
longe, se confunde com o nada,
Como
um ponto negro na escuridão.
Antes,
quero o seu corpo em minhas mãos,
Sua
imagem concreta e absoluta
Refletida
em minhas retinas enamoradas,
Os
seus cheiros inundando-me a pele
E
sua voz, crepúsculo de sonoridades,
Embalando
as horas no ritmo dos seus passos.
(flagela-me saber que somos dois
Quando muito bem e acomodados
Poderíamos ser apenas um,
Como a ostra e a sua concha,
Inseparáveis na dança das marés.)
É
certo que posso pensar nela,
Mas
quando penso
Mais
não penso
Que
os meus próprios pensamentos,
E
embora eles a tenham,
Eles
não são ela,
Eles
não a trazem.
Quero-a,
mas não lembrança apenas.
Preciso-a
concreta e definitivamente presente,
Como
uma flor baldia, de néctar e pólen,
Serenamente
amanhecida para ser colhida.
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