Não te conheço
E no entanto
Posta ao alcance
És serenamente
Como uma rosa
edificada na noite.
Ontem não eras
E súbito
Te alças do anonimato
Para estabelecer intenções
E desencaminhar
O que eu supunha exato.
Somos vértices opostos
Numa geometria exótica
Feita de impossibilidades:
Eu busco a mudança
E não envido esforços
Na consecução do novo.
Tu te moves, soberana
Na manutenção dos dias
E suas implicações imediatas
De deferimentos e ofícios
Burocratizando a luz da manhã
E ordenando o tráfego dos pássaros.
(meus versos têm fome
E cada poema é uma lavra
Onde cultivo a antítese
Do que supões pronto)
Mas como recusar-me ao azul
Ainda que sob argumentações
De outras cores e outros tons
Se o azul me invade e domina
Sem a menor possibilidade
De resgate ou fuga?
Hei de te amar
Como amam os cálices
Os colecionadores
E antiquários
Despreocupados
De possíveis conteúdos
Fascinados apenas
Com a forma
E cada detalhe
Que te faz única
Num delicioso
Equívoco.
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