Só máquina,
frio e indiferente organismo,
sem
vida, alheadamente inanimado,
de estranhas
entranhas metálicas, frias,
feitas de
chips, circuitos, plaquinhas...
Muito
diferente dos organismos de carne.
Só máquina,
não mais, intermediando bits
de ações,
executando operações
em
matemáticos algoritmos sem vida,
reproduzindo
o digitado, escaneado,
fotografado...
Digitalizando informações.
E adoeço e
me aparto, como que amputado
de parte de
mim, cyborg acoplado nela,
na máquina,
extensão de mim em comunhão
com outras
máquinas, partes de outros.
E me
recupero e me reacoplo, reimplanto-me
em seus
circuitos, pondo-me em rede,
retornando
ao meu tempo e meu espaço.
E leio votos
de pronta recuperação,
lástimas
pela involuntária ausência,
declarações
de saudades, reclamações
dos que não
sabiam o que ocorria,
poemas
dedicados a mim... Tudo soando
como
disfarçadas declarações de amor.
Soa e
funciona como complemento da terapia,
e entendo,
finalmente, que, mais que ferramenta,
simples
complemento do meu cérebro,
meu pc é
extensão do meu coração, é poesia,
e a
descoberta de que não estou só,
habito
realidades virtuais e corações reais.
E como
agradecer, senão fazendo
a única
coisa que sei fazer?
Tome este
poema, todos os meus poemas.
Eu os fiz
para você.
Francisco
Costa
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