Poucas não foram as fêmeas
que, desavisadas,
fizeram escala
no porto da minha cama.
Gratificado, as ciceronei
na geografia do meu corpo
aberto à migração das naves
de carne atracando em pré-amar.
Algumas chegaram lentas
e pesadonas como petroleiros
carregados de afetos desajeitados.
Outras trouxeram a leveza,
a agilidade da lancha dominical
executando manobras
de perícia ímpar e perfeita.
Houve as meninas quiosques,
ligeiras e graciosas, afeitas
às águas mansas e litorâneas.
As damas veleiros,
preconceituosas e mimadas,
dependentes dos ventos mentiras
e baixa velocidade de cruzeiro.
As virgens, doces donzelas,
barquinhos de brinquedo
em poças de chuva,
sem saber das tempestades
e calmarias.
As muito feias, mulheres botes,
só lembradas nos momentos
de naufrágios e vendavais,
quando toda a esquadra se foi.
As ciumentas, mulheres submarinos,
ariscas e imprevisíveis,
torpedeando quaisquer tentativas
de novas abordagens.
As frígidas, planctônicas carcaças
de motores sem combustível;
as vadias, pedalinhos de aluguel;
as velhas, torpedeadas e cheias de avarias,
reclamando remendos e reformas.
Houve até uma mulher iate,
linda e cheia de luxos,
mas de onerosa manutenção
e vasta tripulação no convés.
Algumas mulatas porta-aviões,
enormes e bem armadas,
exigindo prática no comando
e fôlego de longo curso.
Duas feministas, canoas
com pretensões de transatlânticos,
e uma sapatão, navio pirata que,
rebelde à sinalização,
não atracou, passou ao largo.
Cada qual com uma história,
todas navegando em mares
distantes, fora do alcance
das minhas amarras vigilantes.
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