terça-feira, 7 de maio de 2013

ROSEIRA ANTIGA (Às meninas de corpos cansados)


Sabe essa roseira? É a mais velha do jardim.
Conhecedora de todas as intempéries,
sabendo exatamente das diferenças postas
entre o sol e as tempestades, segura
dos segredos das chuvas e da irrigação,
é a que em mais abundância floresce.

Suas rosas diferenciam-se porque aprendeu
a posição exata de cada ramo, teve tempo
de decorar a monotonia da trajetória do sol,
por onde lhe apontam os ventos, o frio.

Só que é uma roseira egoísta, não se permite
ao corte, não cede flores, fechada em si,
sem se prolongar em jarras, floreiras, olhares,
corações. Equivocada, pensa negar ao próximo
a negação que faz a si,roseira solitária e triste,
trancada em flores, florindo para ninguém.

Mede-se não pela exuberância da floração,
não pela beleza posta em cada flor,
mas comparando seu tempo com o tempo
da roseira vizinha ao lado, bem mais nova
mas de flores poucas e pequenas, baldias,
sem a rósea sabedoria dela chorando pétalas.

Francisco Costa.
Rio, 16/02/2013.

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