Sabe esses
poemas safados,
feitos de
angústias e saudades?
Não os quero
mais.
Quero alguma
coisa assim que pulse,
anuncie
novidades, sorria sempre.
Nada desses
versinhos choramingadores,
acuados e
quietos, como cães vira-latas.
Risíveis
essas argumentações piegas
de ó meu
coração. Ridículas, palmilhando
a
infantilidade que persiste, canhestra,
sem
propósitos, fora de época.
Quero alguma
coisa que se anuncie carne,
natural e
simples como o que se anuncia
em cópulas
animais, desabrochar de flores,
amanheceres
esquecidos da véspera,
como se
sempre inauguração, coisa nova.
Basta desses
arrulhos roucos de pombos
escondendo
os gaviões que trazem em si.
É assumir. Despir-se
desse romantismo
pai dos
versos bem comportados, contidos,
e agraciar o
mundo com hormônios e tesão,
numa
explosão plástica de luz e anunciação.
Eis que é
chegada a hora de anunciar a espécie
e não um
homem de cada vez, miúdo e tonto,
tomando a si
próprio como modelo já pronto.
É preciso
cantar a insaciedade, o querer, a dor,
a estranheza
do que em si traz os mistérios
que não
podem se reduzir a arroubos individuais
dos que se
querem apaixonados. Amar é mais.
Francisco
Costa
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