Ah!
Rararararará! Hoje é o meu dia.
Logo mais,
impune e soberana
Vou dar ao
mundo a minha cara.
Tenho que
acender logo a lenha
e preparar
as poções.
Ninguém
haverá de escapar.
Vejamos,
onde coloquei as receitas...
Aqui: meia
xícara de rancor e raiva,
Venenos que
tomamos infantilmente
Pensando que
o outro é que vai morrer.
Duas
colheres de ingratidão, uma de ódio
Uma pitada
de egoísmo, um ramo
De soberba,
dois pedaços de vaidade...
Mais uma
xícara , agora de preconceitos
Três de
hipocrisia, uma de maledicência.
Uma colher
de avareza, uma de ambição.
Já ia me
esquecendo da prepotência!
Um pacotinho
de autoritarismo,
Dois de
covardia, mais um de indiferença...
Acho que
está bom. Agora é mexer bem
E
condimentar com cheiros agradáveis
Para
disfarçar: amor, dedicação, fé...
Tudo
artificial, fabricado nas usinas
Das
necessidades inúteis, das mentiras,
Do
oportunismo, do pudor em delito,
Porque se de
verdade, caídos do céu
Estragaria a
minha receita, tirando o efeito.
Deixar
ferver bem. Logo-logo vou servir.
Depois volto
pra casa e ligo a televisão.
Vou ver
guerras, conflitos, perseguições
Abandonos,
fome, falências morais...
Até
entenderem
Que deram um
dia para me homenagear
E trezentos
e sessenta e quatro
Para eu
trabalhar.
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