terça-feira, 7 de maio de 2013

RECEITA DE BRUXA (No dia das bruxas)


Ah! Rararararará! Hoje é o meu dia.
Logo mais, impune e soberana
Vou dar ao mundo a minha cara.

Tenho que acender logo a lenha
e preparar as poções.
Ninguém haverá de escapar.

Vejamos, onde coloquei as receitas...
Aqui: meia xícara de rancor e raiva,
Venenos que tomamos infantilmente
Pensando que o outro é que vai morrer.

Duas colheres de ingratidão, uma de ódio
Uma pitada de egoísmo, um ramo
De soberba, dois pedaços de vaidade...

Mais uma xícara , agora de preconceitos
Três de hipocrisia, uma de maledicência.
Uma colher de avareza, uma de ambição.

Já ia me esquecendo da prepotência!
Um pacotinho de autoritarismo,
Dois de covardia, mais um de indiferença...

Acho que está bom. Agora é mexer bem
E condimentar com cheiros agradáveis
Para disfarçar: amor, dedicação, fé...

Tudo artificial, fabricado nas usinas
Das necessidades inúteis, das mentiras,
Do oportunismo, do pudor em delito,

Porque se de verdade, caídos do céu
Estragaria a minha receita, tirando o efeito.

Deixar ferver bem. Logo-logo vou servir.
Depois volto pra casa e ligo a televisão.
Vou ver guerras, conflitos, perseguições
Abandonos, fome, falências morais...

Até entenderem
Que deram um dia para me homenagear
E trezentos e sessenta e quatro
Para eu trabalhar.

Rio, 31/10/2012.

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