Perdão,
amigos,
pela ausência temporária.
Acometeu-me
súbito perigo,
ou mal
súbito, como disse o doutor
diante de
mim todo em dor.
Inchei como
um balão,
fiquei
gordo, gordão
como se de
saúde possuído,
mas de corpo
todo combalido.
Foi ausência
compulsória,
não coisa
pretendida.
Mandaram-me
de volta,
não estou
mais interno.
Voltei pra
fila de novo:
não tinha
vaga no inferno.
Nunca me
pensei cibernético,
no meio de
tanto médico,
todo ligado
a terminais elétricos,
diante dos filhos,
olhares tétricos,
como se em
em contagem regressiva
para a
inevitável premissa
já
contabilizando as despesas
de funeral e
missa.
Minha alma
vai continuar aqui,
perdida, em
poemas escondida,
ainda não
personagem de história
ou
lastimando a mulher que pretendi.
Todo mundo
aliviado: sobreviveu!
Todos menos
uma: - que droga!
O miserável
não morreu!
Não repare,
minha sogra.
Mais inchado
que conta
bancária de
deputado
confesso o
meu orgulho
na hora do
banho:
nunca o vi
daquele tamanho.
Ah! Quase
tinha me esquecido
do laudo do
exame,
quase causa
mortis:
prazo de
validade vencido.
Usaram todo
o arsenal químico:
penicilina,
estreptomicina...
Por pouco
terra em cima.
Negociei com
o diabo,
até que
gente fina:
anjo da
guarda de político,
ele também
gosta de propina.
No paradoxo
da agonia,
um instante
de poesia
enfeitando
minha cabeceira:
eu
moribundo, ela todabunda,
que fêmea, a
enfermeira!
E um aviso à
namorada:
já estou
recuperado.
Embora de
carne magra,
continuo
meio tarado
ainda não
careço de viagra.
Mamãe,
mantenha-se calma,
não se
desespere:
enrolei até
o diabo,
ele que me
espere!
E sem se
afobar.
Pretendo
demorar.
Francisco
Costa
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