terça-feira, 7 de maio de 2013

OS DOGMÁTICOS


Ah! Os dogmáticos, essas mariposas
presas em círculos, orbitando
a lâmpada das suas próprias verdades,
sem desconfiarem que fora da órbita
existem flores e mais lâmpadas
porque múltiplas na construção do mundo.

Ah! Os dogmáticos da Santa Inquisição,
das Cruzadas, da escravidão, algozes
de Galileu Galilei e Giordano Bruno,
E que geraram filhotes, espelhos
Em Reichs, ditaduras, stalinismo.

Ah! Os dogmáticos, esses autofágicos,
autonutrindo-se das próprias verdades,
sem questionamentos, sem comparações
porque íntimos de Deus, que segredou-lhes
intenções e propósitos, segredos, vontades.

Ah! Os dogmáticos, aparentes cordeirinhos
rugindo quando ameaçados de escombros
os seus castelos de cartas, de areia na maré.

Ah! Os dogmáticos, em vãs tentativas a toa
de imobilizar a história nas amarras do tempo,
e ressuscitar lázaros perfeitamente pós,
devidamente enterrados, sumidos.

Ah! Os dogmáticos cuidando homens, vontades,
como marionetes nos cordões das teorias,
solícitos e vulneráveis a seus ditames teóricos
em exercício, insistindo retorno ao que já foi.

Ah! Os dogmáticos, imposturas com receitas
prontas e terapias exatas para dores desconhecidas,
arquitetos do já demolido, poetas escrevendo versos
que se querem silenciosos e escuros,
sobrevivendo só como impossibilidade
de existência no real.

Francisco Costa
Rio, 13/03/2013.

Nenhum comentário:

Postar um comentário