terça-feira, 7 de maio de 2013

EU TOCO TUBA


Que me importa se a fumaça esconde o sol
e os dias, cada vez mais, se tecem escuros,
nublando tudo em apreensão e doenças?
Eu toco tuba.

E daí o menino de mãos postas na carência,
a menina barriguda que em si gesta medo,
o velhote dormitando no banco da praça,
sonhando famílias e pratos de sopas quentes?
Eu toco tuba.

E lá quero saber de crises econômicas, guerras,
passeatas de anônimos miseráveis  chorando
feridas, sangrando necessidades, líricos
como urubus no repasto?
Eu toco tuba.

Por favor , não me venha falar de políticos,
de funerais, declinar essa indignação tola,
infantil, sobre mim. Guarda tuas dores.
Eu toco tuba.

E que se dane a mulher que se foi, outra vem.
Estes teus versos também. Quanta frescura
de sentimentalóide inventando dores,
quanta falta do que fazer, quanto ócio.
Vai procurar uma tuba!

Francisco Costa
Rio, 19/12/2012.

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