terça-feira, 7 de maio de 2013

DEPRESSÃO


Faz quaresma em mim. Já não me sei
de sorrisos fáceis, amanheceres cedo,
propensão a poemas leves, distraídos.

Há suspeitas, apreensões, desconfianças
de temporais prestes, vendavais próximos,
como predadores inexoráveis em tocaia,
se aproximando.

É tudo sombrio e triste, descolorido,
em mimetismo com o escuro.

Já não sei de poemas sorrisos
nem de amores consumados,
amanhecidos em beijos e olhares.

Paira, pedindo-se eterna, uma lágrima.

Atrás das cortinas o sol destoa com força,
anunciando primaveras que não verei.

Faz quaresma em mim. Já não me sei
o de ontem, esquecido nas dobras
de suposições entrevistas no que vem.

E o que vem, não sei.

Francisco Costa
Rio, 05/03/2013.

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