terça-feira, 7 de maio de 2013

ELA DANÇA


Com furor uterino
ela rompe tardes, noites a dentro,
ostentando-se carne em cio,
demolindo convicções, certezas
postas a seus pés, flutuando.

Às vezes, imaterial, etérea,
paira prazeres inauditos
escondidos em suas curvas,
inaugurando caminhos de surpresas,
mutando-se sempre a cada toque.

Puro ritmo, inaugura concertos, bailes,
com o corpo em permanente dança,
às vezes mansa, num bolero cadenciado,
dois pra lá, dois prá cá, suave e doce,
para explodir no momento seguinte
em puro rock, contorcendo-se louca,
elástica serpente em inusitados ais.

Logo é valsa, saudade não sei de que
rodopiando na cama, entre suspiros
resgatados e gemidos presentes,
para se render, vagabunda a toa,
num funck de rua, atrevida e indócil.

Ela é assim, surpreendência nua
inaugurando-se outra a cada vez.
Musa e fada, puta e freira
fecundando poemas e sorrisos que
delicadamente ponho a seus pés.

Francisco Costa
Rio, 05/03/2013.

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