Dos Sonhos
Sempre que a
luz rasga a noite e o dia acorda,
troco os
sonhos que me habitam, constantes,
pelos sonhos
que se espalham no mundo luz.
Freud errou.
Sonho não é o que está dentro,
mas o que
está fora e não entrou.
O menino que
passa, flanela nas mãos,
pronto para
limpar carros em troca de pão
sonha o
maior engarrafamento do mundo.
A moça só,
só sonha o anjo ou príncipe que,
subitamente
alçado do anonimato,
abra-lhe as
portas dos sorrisos, dos orgasmos,
da vontade de
viver o dia seguinte,
entre rosas,
recados e sorrisos.
Essa gente
que passa, cabisbaixa e apressada,
sonha sonhos
variados, palmilhando
passo a
passo as trilhas das próprias vontades,
das
necessidades urgentes, das horas e dias.
Já o poeta
não tem como sonhar,
nem mesmo
sabe o que é sonho.
Enfermo
condenado, nunca saiu do sonho.
Curioso,
perguntará sempre, o que é sonhar?
Francisco
Costa
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