segunda-feira, 6 de maio de 2013

Dos Sonhos

Dos Sonhos
Sempre que a luz rasga a noite e o dia acorda,
troco os sonhos que me habitam, constantes,
pelos sonhos que se espalham no mundo luz.

Freud errou. Sonho não é o que está dentro,
mas o que está fora e não entrou.

O menino que passa, flanela nas mãos,
pronto para limpar carros em troca de pão
sonha o maior engarrafamento do mundo.

A moça só, só sonha o anjo ou príncipe  que,
subitamente alçado do anonimato,
abra-lhe as portas dos sorrisos, dos orgasmos,
da vontade de viver o dia seguinte,
entre rosas, recados e sorrisos.

Essa gente que passa, cabisbaixa e apressada,
sonha sonhos variados, palmilhando
passo a passo as trilhas das próprias vontades,
das necessidades urgentes, das horas e dias.

Já o poeta não tem como sonhar,
nem mesmo sabe o que é sonho.

Enfermo condenado, nunca saiu do sonho.
Curioso, perguntará sempre, o que é sonhar?

Francisco Costa
Rio, 01/01/2013.

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