segunda-feira, 6 de maio de 2013

Sem Ter O Que Escrever

Sem Ter O Que Escrever
A inspiração chegou,
as idéias, não.

Em crise de criatividade,
expando-me a não mais poder,
e caminho.

Sem pedir licença vou entrando
no olhar luminoso da moça atenta
aos enigmas da espera, no menino
que sonha bolas imaginárias
correndo sob marquises e medos.

Entro em palácios acarpetados,
forrados com mãos de povo, suores
pingando dos lustres de cristal e prata.

Invado quartéis, batalhões, e vejo
crianças em armas, brincando de morte.

Permito-me ao sol. Copulo com a lua
e semeio galáxias distantes, multicoloridas,
interditas aos que não astrônomos ou poetas.

Entrego-me ao mar, mundo de algas e peixes.
Vergo-me, vencido e saudoso, aos amigos
perdidos na infância, e que hoje, solitários
como eu, amealham netos, rugas, saudades.

Cansado encolho-me, retorno ao teclado
e encantado vejo que o poema de hoje
já nasceu, está pronto.

Francisco Costa.
Rio, 15/01/2013.

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