terça-feira, 7 de maio de 2013

DOS POLÍTICOS, EMPREITEIROS E SUAS MÃES


Quero escrever um poema com todos
os termos chulos do mundo, de palavrões
a palavras de baixo calão, tudo de imundo,
de maneira que os responsáveis, musos
da ignomínia, do nojo, da putrefação em vida,
do que há de mais podre e abjeto
sintam-se menos que objetos,
qualquer coisa infame a ser recolhida
pelos caminhões da limpeza urbana.

Quero-os nos esgotos da decência,
nas fossas da imoralidade, entre pares,
identificados com a podridão.

Eu os quero mais, banidos, execrados,
expostos como exemplos da desonra.

E o possível leitor, perguntará estarrecido:
por que tanto ódio, tanta ira estampada, poeta?
O que haverá de tão grave acontecido?
Não é de se esperar isso de um esteta.

Pois lhe digo: na humilhada cidade
de São Sebastião do Rio de Janeiro
a canalhada que a administra, inaugurou,
com pompa, honra e circunstância,
a poucos dias das eleições municipais,
a pouco mais de três meses atrás,
um túnel rodoviário, orgulho e risos
de um povo espremido entre balas perdidas
e bandidos com cargos oficiais.

Hoje, exatamente hoje, foi interditado
e assim ficará por tempo indeterminado.

O dinheiro roubado, desviado, surrupiado,
monta em muitas e muitas vezes mais
que o dinheiro na obra aplicado.
Resultado: ameaça ruir, com infiltrações,
descolamento de asfalto, escuridão.

Como dizem os que não se alienam em shoppings,
mas em igrejas, quando não nos dois:
Só entregando o caso a Jesus!

Pois entrego e rogo: Senhor, mandai bênçãos
à zona do baixo meretrício, abençoa-lhes as mães,
e perdoa, senhor, porque mais indigno e aviltante
que fazer do corpo mercadoria do sexo
muito mais humilhante e sem nexo
é terem parido a escória que pariram.

Francisco Costa
Rio, 15/01/2013.

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