Quero
escrever um poema com todos
os termos
chulos do mundo, de palavrões
a palavras
de baixo calão, tudo de imundo,
de maneira
que os responsáveis, musos
da
ignomínia, do nojo, da putrefação em vida,
do que há de
mais podre e abjeto
sintam-se
menos que objetos,
qualquer
coisa infame a ser recolhida
pelos
caminhões da limpeza urbana.
Quero-os nos
esgotos da decência,
nas fossas
da imoralidade, entre pares,
identificados
com a podridão.
Eu os quero
mais, banidos, execrados,
expostos
como exemplos da desonra.
E o possível
leitor, perguntará estarrecido:
por que
tanto ódio, tanta ira estampada, poeta?
O que haverá
de tão grave acontecido?
Não é de se
esperar isso de um esteta.
Pois lhe
digo: na humilhada cidade
de São
Sebastião do Rio de Janeiro
a canalhada
que a administra, inaugurou,
com pompa,
honra e circunstância,
a poucos
dias das eleições municipais,
a pouco mais
de três meses atrás,
um túnel
rodoviário, orgulho e risos
de um povo espremido
entre balas perdidas
e bandidos
com cargos oficiais.
Hoje,
exatamente hoje, foi interditado
e assim
ficará por tempo indeterminado.
O dinheiro
roubado, desviado, surrupiado,
monta em
muitas e muitas vezes mais
que o
dinheiro na obra aplicado.
Resultado:
ameaça ruir, com infiltrações,
descolamento
de asfalto, escuridão.
Como dizem
os que não se alienam em shoppings,
mas em
igrejas, quando não nos dois:
Só
entregando o caso a Jesus!
Pois entrego
e rogo: Senhor, mandai bênçãos
à zona do
baixo meretrício, abençoa-lhes as mães,
e perdoa,
senhor, porque mais indigno e aviltante
que fazer do
corpo mercadoria do sexo
muito mais
humilhante e sem nexo
é terem
parido a escória que pariram.
Francisco
Costa
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