terça-feira, 7 de maio de 2013

DE AMOR ABSOLUTO


Amar, mas não desse amor miúdo,
de breves encontros e poucos beijos,
em bancos de carros, escurinhos, motéis.

Amar de amor maior, transcendente,
incapaz de se esgotar num corpo só,
que amando a muitos negue o adultério
de trair a todos porque amando só a si.

Não o amor carnal, de orgasmos e esperas,
nascido em usinas de hormônios,
alimentando arrepiares e suspiros,
diluindo-se em camas, morrendo no tempo.

Um amor maior, grande, enorme, infinito,
capaz da vertigem de fome, da insônia,
do imaginar comida diante do faminto,
e morrer em chagas rubras junto do inocente
em estertores aprendendo o que é morte.

Sim, o amor. O amor absoluto, solidário,
cúmplice, gêmeo univitelino de todos,
de cada ser humano que, humano,
não consegue ser humano, permanece só ser
esperando o mundo mudar e aparecer a eles,
depois que terminarmos as nossas refeições.

Francisco Costa
Rio, 18/02/2013

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