Dispo-as
completamente, a todas,
mas não em
minhas fantasias,
atividade
permanente,
atestado de
que estou vivo.
Dispo-as de
seu atributos,
um a um,
pacientemente,
como se as
despisse das blusas,
antevendo
insonhadas paisagens
de carne e
calor, sofreguidão.
Principio
por retirar os sorrisos,
fazendo-as
qualquer coisa séria
que pouco
encanta se não ri.
Depois
subtraio-as dos rubores,
atestados de
delitos prestes,
em entregas
desmedidas, totais.
Agora
arranco a capacidade de dedicação,
a
preocupação com horários,
refeições
sempre prontas e ao alcance,
roupas
impecavelmente limpas,
ainda que
para nos ornar às traições.
Tiro a
preocupação com filhos, netos,
enteados,
conosco próprios,
em afã de formigas
antes da chuva.
Chegou a vez
de livrá-las dos orgasmos,
dos
tremores, contorções, gemidos,
gritos,
arfares, unhas e dedos crispados,
esculpindo a
eternidade do instante.
Livro-as
agora da capacidade de beijar,
arrancando
línguas, secando salivas,
imobilizando
lábios, prendendo respirações,
deixando-as
como estátuas de pedra,
alheias e
frias olhando quem passa na praça.
E desisto de
continuar. São tantos os atributos
que vida
inteira curta e pequena, minguada
para tal sem
fim mister. E resolvo parar,
deixá-las
vestidas, mascaradas, disfarçadas,
escondendo
isso que não pisa, flutua;
não anda,
desliza, entre nuvens e a eternidade,
desfilando
formas, cantos, curvas, saliências
e
reentrâncias de fêmeas da espécie ornando
os dias, as
horas, cada minuto, o mundo.
Francisco
Costa.
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