Escolha
aleatória do destino?
Cochilo de
Deus ou consentimento divino?
Determinação
genética?
Pagamento
por semeaduras pretéritas,
ou nada
disso instaurando insegurança?
O certo é
que um caranguejo te rói por dentro
e há que se
matar o bicho, antes dos filhotes.
E há que
pensar positivo, de modo otimista,
certa de que
mesmo de piores sabores
todos os
alimentos trazem nutrientes.
Na busca do
nicho propício, o bicho poderia
ter fixado
residência em órgãos dos sentidos
e breve
estarias muda, surda, talvez cega.
O destino da
chegada poderia ser órgão vital:
pulmões,
rins, fígado, cérebro... Determinando
inexorabilidade
de retorno, sequelas iminentes.
Morasse em
alguma perna e estarias pronta
às muletas,
à cadeira de rodas, ao amparo...
com a vida
totalmente modificada, e para pior.
Inquilino de
algum braço, estarias interdita
a prestar
carícias, tomar das ferramentas
que nos
fazem animais diferentes: canetas,
pincéis,
teclados, vassouras, martelos...
jogando-te
na passividade inativa dos irracionais.
Mas, por
escolha do destino, cochilo de Deus,
determinação
genética... Fostes abençoada,
aquinhoada
com as chances da recuperação:
tendo o teu
organismo inteiro para habitar,
escolheu a
glândula mamária, supérflua carne
quando já se
tem duas filhas definitivas, adultas.
Teus cabelos
estão caindo? E daí? Que se rasgue
a embalagem
e permaneça intacto o conteúdo.
Estás
insegura? Não mais do que diante do fim
de uma
grande briga, de velório de mãe querida,
e você é
sobrevivente disso e, agora, sobreviverá.
Como nada é
aleatório e se faz em golpes de sorte,
o caranguejo
que agora te acomete foi plantado
em ato
pretérito que não sabes e purgas em medo.
Ou não.
Sendo, agradece a oportunidade de paga.
Não sendo,
agradece a oportunidade de investimento,
fruto
plantado agora para crédito de colheita adiante.
Luta! Luta
porque em orações, vigílias, torcida, atenção,
um bando de
também doentes adoeceram contigo.
E todos
querem, precisam se curar contigo.
Olha só a
tua responsabilidade: levantar todo mundo,
devolver
todo mundo à normalidade. Torcemos todos.
Francisco
Costa
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