terça-feira, 7 de maio de 2013

COISA DE MÃE


Meu filho agora é um caderno inacabado,
a namorada que não virá, um celular
sobre o travesseiro, e que jamais irá tocar.

Meu menino, ainda menino sonhava doce,
e colecionava flores e besouros, pedrinhas,
engatinhando em si o agrônomo romântico
que um dia certamente viria ser.

Lembro-o só de shorts e camiseta, sorrisos,
suave e doce, correndo para o meu colo,
ou nas ruas amanhecidas de sol e infância.

Em minha memória espocam flashes
e em todos seu corpo miúdo, depois maior,
já adolescente tateando esquinas, ruas,
palmeando becos, tateando seus caminhos.

E os diplomas, e o vestibular, a universidade.
Acertei em cheio, engenheiro agrônomo,
para mais ampliar sua coleção de besouros
e flores, pedrinhas, agora de nomes científicos
e razão de ser, como o meu próprio orgulho.

Sábado foi à boate partilhar safras de sorrisos,
beijos com a namorada, abraços nos amigos,
e até agora não chegou, e ainda espero.

Meu filho agora é um caderno inacabado,
a minha vida, uma vida interrompida.

Francisco Costa
Rio,28/01/2013.

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