Meu filho
agora é um caderno inacabado,
a namorada
que não virá, um celular
sobre o
travesseiro, e que jamais irá tocar.
Meu menino,
ainda menino sonhava doce,
e
colecionava flores e besouros, pedrinhas,
engatinhando
em si o agrônomo romântico
que um dia
certamente viria ser.
Lembro-o só
de shorts e camiseta, sorrisos,
suave e
doce, correndo para o meu colo,
ou nas ruas
amanhecidas de sol e infância.
Em minha
memória espocam flashes
e em todos
seu corpo miúdo, depois maior,
já adolescente
tateando esquinas, ruas,
palmeando
becos, tateando seus caminhos.
E os
diplomas, e o vestibular, a universidade.
Acertei em
cheio, engenheiro agrônomo,
para mais
ampliar sua coleção de besouros
e flores,
pedrinhas, agora de nomes científicos
e razão de
ser, como o meu próprio orgulho.
Sábado foi à
boate partilhar safras de sorrisos,
beijos com a
namorada, abraços nos amigos,
e até agora
não chegou, e ainda espero.
Meu filho
agora é um caderno inacabado,
a minha
vida, uma vida interrompida.
Francisco
Costa
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