quarta-feira, 8 de maio de 2013

A TODOS OS MEUS COLEGAS, ARTÍFICES DE UM MUNDO NOVO


Perdão, Mestre, mas você mentiu,
ou me enganaram,
mentiram em Seu nome.

Foi-me ensinado que eras artesão.
Que menino ainda se viu envolvido
com puas, formões, lixas, resinas...
Na carpintaria de Seu pai, José,
permitindo-se a calos e farpas, cortes,
na colheita do pão de cada dia.

Pois corri museus e antiquários
e nada encontrei com as inciais J.N.
Nenhuma cômoda ou cristaleira,
uma simples cadeira que fosse.

Interessado, cavei páginas  de livros
descrevendo as escavações arenosas
no Mar Morto, nas grutas de Nazaré.

Nenhum mobiliário, nenhuma porta,
uma peça artesanal, por mais simples,
talhada em lenho vegetal, com Seu nome.

Mas não faz diferença, Sua voz ecoa,
ainda em cada coração. Reverbera,
onipresente, orientando os ouvidos
dos que têm ouvidos de ouvir.

Seu exemplo, suas lições divinas
atravessaram dezenas de séculos,
com tal força e ímpeto  que
mil séculos mais atravessarão.

Não, Você não foi carpinteiro.
Tornado o Mestre dos mestres,
e sem nenhum favor,
Você foi professor.

Rio, 20/12/2012
Francisco Costa.

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