Perdão,
Mestre, mas você mentiu,
ou me
enganaram,
mentiram em
Seu nome.
Foi-me
ensinado que eras artesão.
Que menino
ainda se viu envolvido
com puas,
formões, lixas, resinas...
Na
carpintaria de Seu pai, José,
permitindo-se
a calos e farpas, cortes,
na colheita do pão de cada dia.
Pois corri
museus e antiquários
e nada
encontrei com as inciais J.N.
Nenhuma
cômoda ou cristaleira,
uma simples
cadeira que fosse.
Interessado,
cavei páginas de livros
descrevendo
as escavações arenosas
no Mar
Morto, nas grutas de Nazaré.
Nenhum
mobiliário, nenhuma porta,
uma peça
artesanal, por mais simples,
talhada em
lenho vegetal, com Seu nome.
Mas não faz
diferença, Sua voz ecoa,
ainda em
cada coração. Reverbera,
onipresente,
orientando os ouvidos
dos que têm
ouvidos de ouvir.
Seu exemplo,
suas lições divinas
atravessaram
dezenas de séculos,
com tal
força e ímpeto que
mil séculos
mais atravessarão.
Não, Você
não foi carpinteiro.
Tornado o
Mestre dos mestres,
e sem nenhum
favor,
Você foi
professor.
Rio,
20/12/2012
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