Eu, o
palhaço, maquiagem
escondendo-me
em cores.
Gestos
trôpegos, pândegos,
humoradamente
ridículo.
Eu, incapaz
de gerenciar os meus prantos
e por no
passivo das dores tantos desencantos.
Eu,
estranhamente estranho a mim mesmo,
tateando-me
singularidade num espaço diminuto,
impróprio
aos trâmites do todo pretendido,
mero acaso
supondo-se coisa importante,
passaporte
para o que se supõe pronto e definitivo.
Eu, balé sem
música, cor no escuro, pura pretensão
de ocupar o
já ocupado, e me estabelecer concreto
onde mais
não cabe que a ânsia de caber.
Eu, o sem
ascendência e sem descendentes, só,
como se
supõem os apartados do que é sensato,
procurando-se
em palavras, em cores e formas,
em impostura
do que finge porque sabe perdida
a última
possiblidade de se encontrar, em si mesmo
recolhendo
aplausos no picadeiro da frustração.
Eu, palhaço
declamando em vão, reclamando a toa,
nada mais
que um lamento alinhado com o tempo,
cantando o
meu próprio lamento, como se coisa boa.
Eu, simples
palhaço, sem maquiagem e sem platéia,
vestindo-me
para mais um espetáculo, na cochia,
disfarçado
em versos para fingir que trago a poesia.
Francisco
Costa.
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