Pasmo e cético
Surpreendo-me
Reinterpretando o mundo.
Se inteligente, você é odiado
Visto de soslaio, caluniado.
Burro, é desprezado.
E, como afirmou John,
Deus é só o conceito
Com que medimos
As nossas próprias dores.
O que de transcendental
Na flor litorânea e natural
Debruçada nas dobras do dia?
Que mensagens me traz,
Se alheia e só ignora-me
Nos meus passos miúdos
De inseto intelectualizado
Teorizando o que não sei?
Nenhuma palavra é absoluta
E por serem relativas,
Fio de intricada teia,
Como deixar-me pegar
Sem me prender e, rendido,
Permitir a refeição?
Nunca dedilhei um violão.
Não sei tocar violão
Por isso as minhas dores
As dedilho a papel e lápis
Numa canção de palavras.
Eu me queria simples, natural,
Sem necessidades de escritas,
Trancado em mim, fechado
Ao próximo e ao afastado,
Crente de deuses e potestades
De prontidão, atentos,
Resolvendo os meus problemas.
Ao contrário, me fiz ser do mundo
E no mundo, partícipe ativo
Escrevendo o que nos dilacera
E não sabem.
Francisco Costa
Rio, 16/05/2013.
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