terça-feira, 7 de maio de 2013

PAREDÃO PARA OS GAROTOS


Contaram-me que no reino de insensatil
o penúltimo em nível de educação no mundo,
elevaram a idade de alfabetização,
nas escolas públicas, para oito anos de idade,
enquanto se manteve em seis anos
nas escolas particulares, em sórdida gestação
de ampliar as diferenças econômicas e sociais
na próxima geração, ao mesmo tempo
em que reduzirão a maioridade penal
para dezesseis anos.

Disseram-me também que lá a corrupção
narcotraficante sustenta políticos, juízes,
todo o aparato policial e de segurança,
e que reduzirão a maioridade penal
para dezesseis anos.

Disseram-me mais, que neste estranho reino
um homofóbico racista preside os direitos humanos
e três condenados pela justiça presidem a justiça,
e reduzirão a maioridade penal para dezesseis anos.

Estranho, surreal essa plaga de insensatos,
praga que se abate sobre o povo os aplaudindo:
é a sexta economia do mundo, reduzindo
quase todos a coadjuvantes econômicos,
e no entanto estatísticas outras envergonham:
octagésimo quarto (84º) no índice de desenvolvimento
humano (IDH); octagésimo oitavo (88º) no nível
de educação; centésimo quarto (104º) no índice
de qualidade na infrestrutura;  dezesseis milhões
de habitantes na miséria; centésimo décimo quinto
(115º) na qualidade do sistema educacional...
E reduzirão a maioridade penal para dezesseis anos.

Mas não só a economia caminha lá em cima, há a mídia,
a imprensa, as emissoras de rádio e televisão
alimentando-se de propinas na forma de anúncios
proclamando as benesses proporcionadas ao povo,
com impostos vencidos e refinanciados, sonegados,
engordando o coro das futuras vítimas: maioridade
Penal aos dezesseis anos, agora, já, urgente.

Com atores, figurantes, coadjuvantes... Brancos, ricos,
do sul-sudeste do país, que é para os nordestinos,
os negros, os índios saberem exatamente os seus lugares,
anunciam produtos que as crianças jamais consumirão,
brinquedos com os quais jamais brincarão, ficando claro
que não são humanos, e só o serão quando nos carros,
nos resots, nas jóias, nas viagens internacionais,
nas mansões, fazendas... Induzindo-os às drogas, como fuga,
ou ao plágio do que se mostra nos filmes, seriados, novelas,
anúncios... À violência e a esperteza, como formas lícitas
na obtenção das necessidades artificialmente criadas...
Para liderarem e orientarem o coro dos criminosos clamando:
maioridade penal aos dezesseis anos.

Estranho os habitantes de insensatil:
querem acabar com os ratos
mantendo intacta a fábrica de ratos.

Agora dezesseis anos, mais adiante catorze anos, depois doze,
até chegarem à idade mental dos que exigem e esperam
redução da maioridade penal aos dezesseis anos.

Francisco Costa.
Rio, 13/04/2013.

Nenhum comentário:

Postar um comentário