segunda-feira, 6 de maio de 2013

Neocristianismo

Neocristianismo
Se um homem não acredita na própria pré-existência,
se entende uma alma formada no momento da concepção,
como mero anexo embrionário, determinação genética
contida num óvulo e num espermatozóide.

Se esse homem acredita que termina no próprio corpo,
sendo o semelhante um estorvo a ser convertido ou evitado,
e nos bens materiais o passaporte para a felicidade,
por isso mesmo em dízimos e ofertas, com Deus compartilhado.

Se acredita que o inferno e o paraíso podem e devem ser aqui,
por graça divina e não esforço pessoal, que o arrependimento
basta para ressuscitar o pai do órfão que ele matou, devolver
a felicidade ao que ele despojou, fazer sorrir o que machucou.

Se seu deus é material, o que fica patente em suas orações:
o olhar de deus, as mãos de deus, o hálito de deus...
O homem deus, imagem e semelhança dos que o criaram.

Se a morte é um sono profundo, até a reintegração da carne,
quando recobra-se a consciência, porque atributo da carne.

Sobre esse homem só tenho três hipóteses:
é ignorante de tudo o que o cerca; por encontrar conforto
numa doutrina que privilegia e ampara o individualismo
e a busca de bens materiaIs como fim religioso, é crente
para ter justificadas as suas ambições pessoais e propósitos;
não é religioso, é materialista, não admitindo nada e nada
fora da matéria constituinte de tudo, inclusive de Deus.

Triste é que seja esse homem quem for, como for,
é um homem novo desse novo tempo
professando a religião que o justifica.

Francisco Costa
Rio, 15/02/2013.

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