segunda-feira, 6 de maio de 2013

Em Contramão

Em Contramão
Se toda a gente soubesse o quanto é bom
caminhar no sereno e se permitir à lua,
brincar de contar estrelas, caçar vaga lumes.

Ah! Se soubessem dos desafios das ladeiras,
da liberdade de olhar de cima a paisagem
que nos embebeda doce, em quase convulsão.

Não, não sabem. Os pássaros de outrora
cantam agora em outra gaiola, mais moderna,
nas telas do monitor, do televisor, alheios
e frios como sabiás mudos e colibris parados.

Vai ver que até do sexo já se esqueceram,
amam agora intermediados pelo computador,
metálico órgão genital, sem umidade, sem calor.

Se toda essa gente soubesse...
Amputariam o que já se fez parte de si,
rebaixando-o à categoria de sucata,
indexado junto com a cocaína, o crack
e  a tudo o mais que mata.

Francisco Costa.
Rio, 02/03/2013.

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