Em Contramão
Se toda a
gente soubesse o quanto é bom
caminhar no
sereno e se permitir à lua,
brincar de
contar estrelas, caçar vaga lumes.
Ah! Se
soubessem dos desafios das ladeiras,
da liberdade
de olhar de cima a paisagem
que nos
embebeda doce, em quase convulsão.
Não, não
sabem. Os pássaros de outrora
cantam agora
em outra gaiola, mais moderna,
nas telas do
monitor, do televisor, alheios
e frios como
sabiás mudos e colibris parados.
Vai ver que
até do sexo já se esqueceram,
amam agora
intermediados pelo computador,
metálico
órgão genital, sem umidade, sem calor.
Se toda essa
gente soubesse...
Amputariam o
que já se fez parte de si,
rebaixando-o
à categoria de sucata,
indexado
junto com a cocaína, o crack
e a tudo o mais que mata.
Francisco
Costa.
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