Lá vem a
inspiração, justo quando não tenho o que falar.
Descrever as
nuvens, na sua erraticidade de algodão
posto no
espaço, dançando em câmera lenta, esperando
mais nuvens,
para que em cópula, se façam chuva?
Inquirir
aquela borboleta azul, pastando flores, alheia,
displicente
como o olhar da moça diante do mar,
imensidão de
sal e peixes estendidos nas retinas
enamoradas,
esperando sorrisos e juras viajoras?
Quedar-me
diante dos micos fazendo amor nos galhos,
naturais e
simples como um olhar apaixonado, de soslaio,
promessa de
pudor prestes ao delito, a um beijo primeiro,
primeiro
passo de futuro orgasmo? E invejar, invejar...
Que escrever
se em mim só um vazio cósmico, caótico,
com galáxias
distantes, de descrições só pretendidas?
Dizer de
mim, pretenso poeta em aflição, perdido,
lembrando
Drummond: “só escreve se isso for exigência
para não
morreres” (acho que disse. Se não disse,
inventei
agora) ou Neruda, o Dom Plabo das touradas:
“escrever é
fácil: comece com letra maiúscula
e termine
com um ponto. No meio coloque suas idéias.”
É, talvez seja
isso, e acho que já concluí o poema.
Francisco
Costa.
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