sábado, 18 de maio de 2013

FILOSOFANDO NO SÁBADO


Telúrico, partilho partilhas.
Nenhum homem é só,
Nenhum homem está só.

Temos a estranha particularidade
De não nos bastarmos, porque poucos,
Quando nos limites dos próprios corpos.

Como uma teia que em si se laça
E em laços em si se tece,
Estamos definitivamente ligados.

Ainda que não te permitas à devassa
Do meu corpo te violando,
Violo-te de maneira indireta,
E te habito: minha voz te invade,
Meu olhar te descobre e vasculha,
Permito-me aos teus cheiros.

Mesmo os átomos que agora,
Anônimos e naturais inflam-me os pulmões,
logo estarão fora, para habitar os teus,
Levando minhas digitais junto.

Partilhamos o sol, a lua, estrelas...
E nenhuma flor se mostra a um só
Ou se esconde em silêncio seletivo
Aquela velha canção de amor.

Nada é teu, nada é meu.
Somos encontros e comunhões,
Fusões de vontades e quereres,
Até que a morte nos individualize.

Francisco Costa.
Rio, 18/05/2013.

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