Se você
gosta de caminhar na chuva fina
com a
sensação de que a atravessa;
Se já olhou
pela janela para ver estrelas
e contá-las
até perder a conta,
fazendo
caretas e trejeitos,
franzindo os
olhos e a testa,
para alterar-lhes
os brilhos
e as cores,
o ritmo das cintilações;
Se já dançou
sozinho na sala e, bêbado,
se imaginou flutuando
sobre as árvores.
Se acredita
que passear de mãos dadas
e rir por
nada, braços enganchados,
chutando
pedrinhas e pedaços de papel
é driblar as
intempéries e evitar as lágrimas.
Se já falou
sozinho, em solitário diálogo
voz alta e
convicção,
em
concordâncias e discordâncias,
com direito
a réplicas e trépicas,
até se
exaurir o assunto;
Se já
consumou cruéis assassinatos,
com
requintes de crueldade e ódio,
e se viu
cercado de anjos invisíveis,
e comandou
revoluções e motins
interrompidos
por vozes no portão.
Se já
aprendeu a tocar violino,
a interpretar
personagens de Shakespeare,
dançar
tango, fazer mergulho autônomo,
saltar de
paraquedas, falar japonês...
para
esquecer tudo no minuto seguinte.
Se já fingiu
acreditar em não quero,
não posso,
aqui não... Com um corpo
em frenesi,
se desmanchando em sua mão,
e em
exercício de fingida paciência
inaugurou
auroras não premeditadas,
certo de que
um namoro prolongado
vale mais
que um orgasmo acanhado.
Se no seu
inventário de perdas e danos
quase todos
os prejuízos e rombos
foram pagos
com a moeda do esquecimento,
restando
saldo de sorrisos no balanço.
Isso me
conforta
e a a
identidade me confirma:
não sou o
único maluco no mundo.
Francisco
Costa
Rio,
18/05/2013.
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