terça-feira, 14 de maio de 2013

ESTRANHO


Adoeci, e psicólogo  algum será  capaz
De diagnóstico, de me impor terapias.
Acordei com tudo estranho, modificado,
Embora com as mesmas formas de ontem.

Meu jardim cintila e cada flor estala
Como se prestes a se fazer  som no vento
Que me banha estranho a mim mesmo.

Não há coerência no ar. Os pássaros baldios,
De vôos aleatórios, voam todos agora,
Como se em prévia combinação, a mim.

O sol escorre no brilho das folhas,
Multiplica-se em mil sóis outros, menores,
Na superfície  do lago de carpas e sonhos.

Já não sou eu, porque não o de ontem.

Estranho a mim mesmo, estrangeiro
Migrado para o meu próprio corpo,
Declino os versos de uma nova paixão.

Francisco Costa

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