O nordeste
brasileiro está passando pela pior seca
dos últimos
quarenta anos e nem o povo brasileiro sabe.
A mídia
noticia futebol, escândalos políticos, bandidagem,
quando
conveniente, trivialidades do higt society, BBB.
Há fome, há
miséria, há seres humanos morrendo
e ninguém
fala. Se é cruel morrer de sede, mais cruel
morrer a
dois ou três metros da água abundante,
cristalina e
fresca, jorrando de poços artesianos
cavados com
dinheiro público.
E porque não
bebem essa água essas crianças?
Porque entre
a sede infantil e a água há cercas,
capangas
armados, garantindo a água
que mata a
sede do gado do latifundiário.
Malditos
sejam esses que se beneficiam da morte,
edificam
patrimônios sobre cadáveres de crianças
e comem
carniça humana, e bebem sangue infantil.
Mil vezes
malditos os de vistas grossas,
legislando
em favor das fortunas,
aplicando
leis em favor dos afortunados,
executando
as leis para garantir isso,
a
continuidade e a eternização da miséria.
Que país é
esse, desgraçado por políticos,
administrado
como se empresa particular,
sem
contabilidade e controle de caixa,
onde o
furto, a apropriação indébita,
o roubo, o
saque, as propinas e cala bocas
fazem-se
moeda de troca, escambo sujo,
como se
euro, dólar, ouro ou real?
Que país é
esse onde as maiores fortunas
repousam em
mãos de coronéis nordestinos
que antes da
primeira posse em mandato eletivo
eram tão
miseráveis quanto os miseráveis de agora?
Que país é
esse permissivo, fazendo de líderes
de seitas e
religiões, arquimilionários?
Que país é
esse que exige três condenações prévias
na suprema
corte da justiça, para habilitar
um verme
como presidente do Senado?
Que país é
esse que exige dos seus mandatários
passado
porco, eivado de processos tramitando,
ou
tramitados em julgado, para nomeações e posses?
Que país é
esse, presidido por ex comunista
que foi às
armas, conheceu a tortura,
defrontou-se
com a morte, por pouco sucumbindo,
com a
proposta de exterminar os aliados de hoje?
Que país é
este, digam-me, porque não foi onde nasci,
onde
soletrando as primeiras letras, orgulhoso
conheci
heróis, mártires, guerrilheiros, revolucionários.
Não!
Definitivamente este não é o meu país.
O meu morre
de sede, perambula no pasto da fome,
mora nas
favelas, mastiga necessidades e carências.
O meu país
dorme, inconsciente e calado,
embalado
pela mídia vendida,
por um
sistema educacional que o amansa e amestra,
por um
sistema de saúde que o mata.
Não há sono
eterno, senão na morte,
e um dia,
tenho certeza, irá acordar.
Não será
mais o país das secas e cercas,
mas de quem
nele e por ele trabalhar.
Francisco
Costa
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