Em um de
meus aquários
há um peixe
destacado:
celebração à
criação,
explode em
cores mil,
em tons
milhões.
É como se
Deus
tivesse entornado ali
o seu
estoque de purpurina e luz,
milagre a
iluminar os meus olhos.
Não
bastasse, nada com displicência,
em movimentos delicados e doces
que nenhum
bailarino ousará.
Perco horas
a admirá-lo,
como a um
poema de Lorca
ou as curvas
da moça na praia.
Mas ontem,
absorto e extasiado
desfez-se
todo o encanto
encarcerado
naquelas cores.
Entre folhas
e algas, perdido,
um peixinho
simples, humilde,
igual a
qualquer um,
vestido
apenas de cinza prata
e vontade
de viver,
foi
surpreendido pela majestade
posta em seu
caminho,
e virou
refeição.
Traumatizado
pela decepção,
imaginei a
inutilidade da beleza
quando
máscara, só disfarce
para a violência e a predação.
Francisco
Costa
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