terça-feira, 7 de maio de 2013

COBRANÇA ATENDIDO (BEIJOS)


Cobram-me um poema de beijos
porque hoje é o dia do beijo,
como se qualquer outro não fosse.

Só não me esclareceram que beijo.
O doce, delicado, ao filho que sai,
vai à escola, à rua, ao mundo?

O infinitamente carinhoso, de rendição,
na velha bochecha da mãe abençoando?

O beijinho rápido, corrido, desajeitado,
dos meninos debutando na adolescência?

Que beijo, afinal? O beijo distraído, alheio,
de amante em pré partida,em adeus,
buscando no mais íntimo a palavra não?

O beijo mero namoro de lábios, simples
roçar de peles num abraço de bocas,
descontraído e sem compromissos,
como o da abelha na flor, só néctar?

Ou o beijo tórrido, de corpo inteiro,
lábios, língua, saliva fundindo corpos
enlevando o espírito em rendição
ao momento, intervalo consentido
entre o antes e o depois do beijo,
temporadas de mais beijos?

Beijar. Quem não há de,
se mais não somos
que beijos ansiando encontros?

Se nossas guerras fossem de beijos,
os ruídos não assustariam as crianças,
não decepcionariam Deus,
não nos deixariam machucados.

E se mais beijos no estoque houver,
ainda que não com a boca, beijai
os das sarjetas, das praças, das ruas...
Carentes de beijos e abraços como
lenitivo e terapia, razão de existência.

Espalhai  beijos, beijinhos, beijões...
Semeando flores nos corações,
não só hoje, mas por todos os séculos
dos séculos, e além.

Beijai, beijai, beijai...
Porque sem contra indicações
e efeitos colaterais adversos.

Francisco Costa
Rio, 13/04/2013.

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