Sonhei-me
inseto.
E não me
pensei coisa pouca,
desprezível
e só no jardim.
Longe de
Gregor Sansa,
não nasci
talhado a livros,
às
inquirições dos tratados
justificando-me
personagem.
Antes, eu
era só um besouro,
luciluzir de
tons metálicos
movendo-me
na grama.
Seis
patinhas e duas antenas
explorando o
insuspeitado
para os
homens, insetos
de duas
pernas, poucas,
e sem
antenas, incapazes
de ir longe
e se localizarem
no mundo.
Mas ousam,
e
insufucientes a si
amealham
inutilidades,
a que por estrita
vergonha
nomeiam
cultura.
Se
soubessem, coitados,
como é fácil
e bom
caminhar na
grama
não teriam
inventado o sorriso.
Só é capaz
de sorrir
quem sabe o
que é chorar.
Francisco
Costa.
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